Quando Voltou Da Índia, Gonçalo Sardinha Criou a Iswari
O mercado tem mostrado que a alimentação saudável é uma tendência e as grandes empresas começam a apostar mais nesta área.
Um dia, Gonçalo Sardinha deixou o emprego estável e trocou-o por umas férias na Índia. A ideia era ir por algum tempo, mas acabou por ficar três anos. Quando regressou abriu um supermercado biológico e “foi assim que começou tudo”, que é o mesmo que dizer que pouco depois criava a Iswari que vende superalimentos e que chega actualmente a 18 países.
Três pessoas e três mochilas. Gonçalo Sardinha, a mulher e o filho foram para a Índia e ficaram três anos, “imersos naquela cultura e sabedoria toda”. “Quem sou eu? Quais são os meus valores? O que conta para mim? A tranquilidade, a paz de espirito, a felicidade… e tudo isso passa muito pelo que comemos”, pergunta e responde o empresário de Palmela.
Depois de regressar da Índia, Gonçalo foi até à Califórnia para fazer um retiro de desintoxicação do corpo durante três meses. Fez uma dieta e compreendeu como era realmente importante a alimentação. “Precisava de ter uma relação saudável com o meu corpo”, justifica.
E quando regressa a Portugal decide abrir um supermercado biológico ao lado de casa. “Foi o começo de tudo. Começamos a organizar workshops sobre alimentação”, conta, acrescentando que teve “muita ajuda dos amigos do ioga” na divulgação do seu projecto. “Têm uma grande noção sobre alimentação saudável e, no mundo, são os grandes embaixadores do bem-estar físico”, explica.
É em 2010 que inicia a embalar os primeiros produtos, mais concretamente superalimentos – são produtos naturais com altos teores de vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos gordos ou antioxidantes. Gonçalo Sardinha investe 50 mil euros. “Só fiquei com 200 euros na conta”. O início foi artesanal, com o filho a fechar as embalagens com um ferro de engomar e o pai a distribui-las por ervanárias e supermercados como os do Celeiro e Brio. “Paralelamente entramos no mercado irlandês, onde crescemos”, diz. Hoje, a Iswari – que significa “deusa” em sânscrito – exporta cerca de 70% do que faz para 18 países e emprega 50 pessoas. “Vejo que tocamos centenas de milhares de pessoas pela Europa fora e esse é um propósito de vida”, orgulha-se.
A conversa de Gonçalo Sardinha vai sempre dar à Índia, onde foi feliz e onde regressa sempre que pode. “Vou procurar sabedoria.” Por lá, durante aqueles três anos de descoberta, foi professor de ioga e “vivia bem” com poucos euros por mês, uma “vida simples e calma, mas houve um chamamento para voltar”, acredita.
Além das suas pesquisas sobre alimentação – “sou fanático, obsessivo”, confessa –, a Iswari tem um departamento de nutrição, por isso, está sempre a par das novas tendências. A última novidade são os produtos para a infância, com a marca Pequeno Buda. Gonçalo Sardinha revela preocupação com a saúde e o bem-estar dos consumidores. “Temos relatos e testemunhos de melhoras, dos benefícios que as pessoas sentiram quando mudaram de alimentação”, congratula-se.
E estas mudanças alimentares pagam-se caro? Por exemplo, um pacote de 125 gr de spirulina ronda os sete euros e a maca em pó os dez euros. “Quando ganhamos mais consciência alimentar, sai mais barato. E há poupanças indirectas: quando uma pessoa se sente melhor, vai gastar menos dinheiro em médicos e medicamentos”, responde.
Todos os produtos – ao todo são meia centena, distribuídos por seis categorias principais: pequenos-almoços, desintoxicantes, proteínas, macaccinos, superalimentos puros, toppings e snacks – são oriundos do comércio justo e tudo o que a empresa compra tem certificação biológica, assegura. “Fui duas vezes ao Peru ver as plantações de cacau, à Indonésia ver as de coco para me certificar que estou a comprar com honestidade”, sublinha.
O mercado tem mostrado que a alimentação saudável é uma tendência e as grandes empresas começam a apostar mais nesta área. “Que todas as tendências fossem assim: caminharmos para o bem, para sermos mais responsáveis com o planeta e connosco próprios”, conclui Gonçalo Sardinha que, por enquanto se sente um “porta-voz”, mas que rapidamente quer passar a ser “mais um” neste movimento.
Fonte: Publico.pt